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quinta-feira, 7 de junho de 2012




Espíritos transviados


Caminham desfalecentes, embuçados na sombra, ainda que o
sol resplenda em torno.
Sonâmbulos das paixões em que se desregravam, são cativos
dos seus próprios reflexos dominantes.
Por mais se lhes atraia a atenção para as esferas sublimes,
encasulam-se nos interesses inferiores, encarcerando na Terra as
antenas da alma.
Aferrolhavam o coração no recinto estreito de burras
preciosas e sentem-se, no esquife, como quem se refestela em
poltrona de ouro.
Empenhavam as forças a tiranizarem multidões indefesas,
manejando o verbo fácil, e deitam oratória fulgente, no barranco
em que se lhes guardam os restos, qual se ocupassem os
primeiros lugares em tribuna de honra.
Aniquilavam recursos, plasmando imagens viciosas, em nome
do sentimento, e escrevem ou gesticulam, na solidão, supondo
transmitir emoções enfermiças a legiões de admiradores
imaginários.
Aprisionavam a mente, no egoísmo feroz, e tornam à
paisagem doméstica, à maneira de loucos, envolvendo os entes
queridos em fluidos tentaculares.
Hipotecavam energias aos prazeres sensuais e choram
agressivos, na clausura da cova, disputando com os vermes a
posse do corpo transformado em ruínas.
Empregavam as horas ilaqueando a si mesmos, e vagueiam
errantes, hipnotizados por inteligências corrompidas com as
quais se conjugam em delitos nas trevas.
*
Não acredites, porém, sejam eles doentes sem esperança.
O Criador não quer escravos na Criação.
Todos somos livres para escolher os nossos caminhos.
Por isso, quase sempre, em sucessivas reencarnações,
gastamos séculos no mal, a fim de entender o bem.
E se a Lei te permite conhecer o suplício das consciências
transviadas, além do sepulcro, é para que trabalhes em teu
próprio favor.
Corrige em ti mesmo tudo aquilo que nos censuram outros.
Clareia-te por dentro.
Aprimora-te e serve.
Enquanto no corpo físico, desfrutas o poder de controlar o
pensamento, aparentando o que deves ser; no entanto, após a
morte, eis que a vida é verdade, mostrando-te como és.

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