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sábado, 9 de junho de 2012

Sobras

A sobra em todas as situações é o agente aferidor do nosso ajustamento à
Lei Eterna que estatui sejam os recursos do Criador divididos justificadamente
por todas as criaturas, a começar pela bênção vivificante do Sol.
É assim que o leite a desperdiçar-Se, na mesa, é a migalha de alimento
que sonegas à criancinha órfã de pão, tanto quanto a roupa a emalar-se,
desnecessária, no recanto doméstico, é o agasalho que deves à nudez que a
noite fria vergasta.
Por isso mesmo, é pelo supérfluo acumulado em vão que começam todos
os nossos desacertos perante a Bênção Divina.
Formações miasmáticas invadem-te o lar pelos frutos apodrecidos que recusas
à fome dos semelhantes; prolifera a traça na moradia, pelo vestuário que
segregas a distância de quem sofre a intempérie; multiplicam-se víboras e
espinheiros na gleba que guardas, inútil; arma-te a inveja ciladas soezes, ao pé
de patrimônios materiais que reténs, sem qualquer benefício para a
necessidade dos outros, e, sobretudo, os expoentes da criminalidade e do vício
senhoreiam-te a vida, nas horas vagas em que te refestelas nos braços da
ilusão, exaltando a leviandade e a preguiça.
Não olvides, assim, que toda sobra desaproveitada nos bens que desfrutas,
por efeito de empréstimo da Providência Maior, se converte em cadeia de
retaguarda, situando-te pensamentos e aspirações na cidadela da sombra. E,
repartindo com o próximo as vantagens que te enriquecem os dias, seguirás,
desde a Terra, pelos investimentos do amor puro e incessante, em direitura à
Plenitude Celestial.

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