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sábado, 9 de junho de 2012

Veneno Corrosivo no coração

Veneno

Corrosivo no coração, a surgir do conúbio entre a revolta e o desânimo,
tisna o manancial da emotividade e sobe à cabeça em forma de nuvem. E,
chegado ao cérebro, transfigura o pensamento em plasma sutil de lodo,
conturbando a visão que se envolve em clamoroso desequilíbrio.
A vitima, desse modo, não mais enxerga o bem que o Céu espalha em
tudo, para ver simplesmente o mal que traz consigo, e imagina, apressada,
espinheiros e pântanos onde há flores e bênçãos, mentalizando o crime onde
brilha a virtude. Em funesto delírio, chega a lançar de si escárnio e vilipêndio à
própria Natureza que revela a Bondade Infinita de Deus.
Mas o agente sombrio não descansa nos olhos, porque invade os ouvidos,
procurando a maldade nas palavras do amor, e descendo, letal, para a zona da
língua, converte a boca em fossa de azedia e amargura, concitando os
ouvintes do império da sombra, como se pretendesse escurecer o Sol e enlutar
as estrelas.
Desde então, julga achar em toda criatura expoente do vício, aceitando a
suspeita em lugar da esperança e exaltando a mentira, com que faz de si
mesma um campo deplorável de aspereza e loucura.
Paralisando as mãos na preguiça insensata, acusa o mundo e a vida, sem
doar-lhes a menor expressão de auxílio e entendimento.
E atingindo o apogeu da demência cruel, acalenta, infeliz, o desejo da
morte, com a qual se precipita à cova do suicídio, para sofrer, depois, a
expiação tremenda do insulto à Lei Divina e da injúria a si mesma.
Guardai-vos, pois, assim, no clima luminoso do serviço constante, amando
e perdoando, ajudando e aprendendo, porqüanto esse veneno que corrói a
alma humana, dela fazendo, enfim, triste charco de trevas, chama-se
pessimismo.

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