Sofrimento e eutanásia
Quando te encontres diante de alguém que a morte parece nimbar de
sombra, recorda que a vida prossegue, além da grande renovação...
Não te creias autorizado a desferir o golpe supremo naqueles que a agonia
emudece, a pretexto de consolação e de amor, porque, muita vez, por trás dos
olhos baços e das mãos desfalecentes que parecem deitar o último adeus,
apenas repontam avisos e advertências para que o erro seja sustado ou para
que a senda se reajuste amanhã.
Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais dura, brilha o socorro da
Infinita Bondade facilitando, a quem deve, a conquista da quitação. Por isso
mesmo, nas próprias moléstias reconhecidamente obscuras para a diagnose
terrestre, fulgem lições cujo termo é preciso esperar, a fim de que o homem
lhes não perca a essência divina.
E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo o mais mutilado e
disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento em que a alma é
chamada a acender a flama de evolução.
É por esse motivo que no mundo encontramos, a cada passo, trajes físicos
em figurino moral diverso.
Corpos — santuários...
Corpos — oficinas...
Corpos — bênçãos...
Corpos — esconderijos...
Corpos — flagelos...
Corpos — ambulâncias...
Corpos — cárceres...
Corpos — expiações...
Em todos eles, contudo, palpita a concessão do Senhor, induzindo-nos ao
pagamento de velhas dívidas que a Eterna Justiça ainda não apagou.
Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal da doença
prolongada e difícil, administrando-lhe o veneno da morte suave, porqüanto,
provavelmente, conhecerás também mais tarde o proveitoso decúbito
indispensável à grande meditação.
E usando bondade para os que atravessam semelhantes experiências,
para que te não falte a bondade alheia no dia de tua experiência maior, lembrate
de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo arrancou Lázaro
às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais
tempo para completar o tempo necessário à própria sublimação
Nenhum comentário:
Postar um comentário