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sábado, 9 de junho de 2012

A mulher ante o Cristo


A mulher ante o Cristo

Toda vez nos disponhamos a considerar a mulher em plano inferior,
lembremo-nos dela, ao tempo de Jesus.
Há vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as
companheiras do povo, na maioria das circunstâncias, sofriam extrema
abjeção, convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em
hasta pública.
Tocadas, porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém
respondeu com tanta lealdade e veemência aos apelos celestiais.
Entre as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra,
encontramos em Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das
trevas para a luz; e entre as que se mantinham no monte do equilíbrio
doméstico, surpreendemos em Joana de Cusa o mais nobre expoente de
concurso e fidelidade.
Atraidas pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os
mutilados, os doentes e as crianças. E, embora não lhe integrassem o circulo
apostólico, foram elas — representadas nas filhas anônimas de Jerusalém —
as únicas demonstrações de solidariedade espontânea que o visitaram,
desassombradamente, sob a cruz do martírio, quando os próprios discípulos
debandavam.
Mais tarde, junto aos continuadores da Boa-Nova, sustentaram-se no
mesmo nível de elevação e de entendimento.
Dorcas, a costureira jopensé, depois de amparada por Simão Pedro, fez-se
mais ativa colaboradora da assistência aos infortunados. Febe é a mensageira
da epístola de Paulo de Tarso aos romanos. Lídia, em Filipos, é a primeira
mulher com suficiente coragem para transformar a própria casa em santuário
do Evangelho nascituro. Lóide e Eunice, parentas de Timóteo, eram padrões
morais da fé viva.
Entretanto, ainda que semelhantes heroínas não tivessem de fato existido,
não podemos olvidar que, um dia, buscando alguém no mundo para exercer a
necessária tutela sobre a vida preciosa do Embaixador Divino, o Supremo
Poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida num
lar apagado e simples...
Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia
consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria
virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens,
era grande e prestigiosa perante Deus.
Eis o motivo pelo qual, sempre que o raciocínio nos induza a ponderar quanto à
glória do Cristo — recordando, na Terra, a grandeza de nossas próprias mães
—, nós nos inclinaremos, reconhecidos e reverentes, ante a luz imarcescível da
Estrela de Nazaré.

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