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sábado, 9 de junho de 2012

Pena de morte


Pena de morte

Todos os fundadores das grandes instituições religiosas, que ainda hoje
influenciam ativamente a comunidade humana, partiram da Terra com a
segurança do trabalhador ao fim do dia.
Moisés, ancião, expira na eminência do Nebo, contemplando a Canaã
prometida.
Sidarta, o iluminado construtor do Budismo, depois de abençoada
peregrinação entre os homens, abandona o corpo físico, num horto florido de
Kuçinagara.
Confúcio, o sábio que plasmou todo um sistema de princípios morais para a
vida chinesa, encontra a morte num leito pacífico, sob a vigilância de um neto
afetuoso.
E, mais tarde, Maomé, o criador do Islamismo, que consentiu em ser
adorado pelos discípulos, na categoria de imortal, sucumbe em Medina, dentro
de sólida madureza, atacado pela febre maligna.
Com Jesus, entretanto, a despedida é diferente.
O divino fundador do Cristianismo, que define a Religião Universal do
Amor e da Sabedoria, em plena vitalidade juvenil, é detido pela perseguição
gratuita e trancafiado no cárcere.
Ninguém lhe examina os antecedentes, nem lhe promove recursos à
defensiva.
Negado pelos melhores amigos, encontra-se sozinho, entre juízes
astuciosos, qual ovelha esquecida em meio de chacais.
Aliam-se o egoísmo e a crueldade para sentenciá-lo ao sacrifício supremo.
Herodes, patrono da ordem pública, chamado a pronunciar-se em seu
caso, determina se lhe dê o tratamento cabível aos histriões.
Pilatos, responsável pela justiça, abstém-se de conferir-lhe o direito natural.
E, entregue à multidão amotinada na cegueira de espírito, é preferido a
Barrabás, o malfeitor, para sofrer a condenação insólita.
Decerto, para induzir-nos à compaixão, aceitou Jesus padecer em silêncio
os erros da justiça terrestre, alinhando-se, na cruz, entre os injuriados e as
vítimas sem razão, de todos os tempos da Humanidade.
Cristãos de todas as interpretações do Evangelho e de todos os quadrantes
do mundo, atentos à exemplificação do Eterno Benfeitor, apartai o criminoso do
crime, como aprendestes a separar o enfermo da enfermidade!
Educai o irmão transviado, quanto curais o companheiro doente!
Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e
o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás dos quadros de vossa penologia, e
oremos, todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia,
uns para com os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos,
será possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino
Mestre, condenado à morte sem culpa:
— «Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!

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