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sábado, 9 de junho de 2012

Memória além-túmulo

Memória além-túmulo

Automaticamente, por força da lógica, elege o homem na contabilidade
uma das forças de base ao próprio caminho.
Contas maiores legalizam as relações do comércio, e contas menores
regulamentam o equilíbrio do lar.
Débitos pagos melhoram as credenciais de qualquer cidadão, enquanto
que os compromissos menosprezados desprestigiam a ficha de qualquer um.
Assim também, para lá do sepulcro, surge o registro contábil da memória
como elemento de aferição do nosso próprio valor.
A faculdade de recordar é o agente que nos premia ou nos pune, ante os
acertos e os desacertos da rota.
Dessa forma, se os atos louváveis são recursos de abençoada renovação e
profunda alegria nos recessos da alma, as ações infelizes se erguem, além do
túmulo, por fantasmas de remorso e aflição no mundo da consciência.
Crimes perpetrados, faltas cometidas, erros deliberados, palavras
delituosas e omissões lamentáveis esperam-nos a lembrança, impondo-nos,
em reflexos dolorosos, o efeito de nossas quedas e o resultado de nossos
desregramentos, quando os sentidos da esfera física não mais nos acalentam
as ilusões.
Não olvideis, assim, que, além da morte, a vida nos aguarda em
perpetuidade de grandeza e de luz, e que, nessas mesmas dimensões de
glorificação e beleza, a memória imperecível é sempre o espelho que nos
retrata o passado, a fim de que a sombra, reinante em nós, se dissolva, nas
lições do presente, impelindo-nos a seguir, desenleados da treva, no encalço
da perfeição com que nos acena o futuro.

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