Oração e provação
A oração não suprime, de imediato, os quadros da provação, mas renovanos
o espírito, a fim de que venhamos a sublimá-los ou removê-los.
Repara o caminho que a névoa amortalha, quando a noite escura te
distancia do Sol.
Em cima, nuvens extensas furtam-te aos olhos o painel das estrelas e, em
baixo, espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.
Debalde, consultarás a bússola que a treva densa embacia.
Se avanças, é possível te arrojes na lama de covas escancaradas; se
paras, é provável padeças o assalto de traiçoeiros animais...
Faze, porém, pequenina luz, e tudo se modifica.
O charco não perde a feição de pântano e a pedra mantém-se por desafio que
te adverte na estrada; entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e
seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da sombra e as aperturas
da marcha.
Assim, também, é a oração nos trilhos da experiência.
Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma, subtraindo-te a
serenidade e a alegria, tudo parece escuridão envolvente e derrota
irremediável, induzindo-te ao desânimo e insuflando-te o desespero; todavia,
se acendes no coração leve flama da prece, fios imponderáveis de confiança
ligam-te o ser à Providência Divina.
Exteriormente, em torno, o sofrimento não se desfaz da catadura sombria;
a morte, ainda e sempre, é o véu de dolorosa separação; a prova é o mesmo
teste inquietante e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e inevitável,
mas estarás, em ti próprio, plenamente refeito, no imo das próprias forças, com
a visão espiritual iluminada por dentro, a fim de que compreendas, acima das
tuas dores, o plano sábio da vida, que te ergue dos labirintos do mundo à
bênção do amor de Deus.
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