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quinta-feira, 7 de junho de 2012




Lugares de expiação

Múltiplas são as conceituações dos infernos exteriores.
Para os hindus de várias legendas religiosas da antiguidade, a
região do sofrimento, para lá do sepulcro, dividia-se em dezenas
de seções, nas quais os Espíritos culpados experimentavam os
martírios do fogo e da asfixia, dos botes de serpentes e aves
famélicas, de venenos e martelos, lâminas e prisões.
Entre os chineses, acreditava-se que os condenados, após o
decesso, atravessavam privações e torturas, até caírem, exaustos,
numa espécie de segunda morte, com o suposto aniquilamento
do próprio ser.
Egípcios possuíam aparatosos regimes de corrigida para os
mortos que fossem implacavelmente sentenciados a penas
aflitivas, sob os vistas de Anúbis.
A crença popular grega admitia a existência de abismos
insondáveis, além-túmulo, onde os maus eram atormentados por
agonias cruéis.
E, seguindo por vasta escala de concepções, a teologia
relaciona infernos hebraicos, persas, romanos, escandinavos,
mulçumanos e ainda os que são até hoje perfilhados pelos
diversos departamentos da atividade cristã.
*
Não ignoras que os sistemas de castigo, mentalizados para
depois da morte, obedecem às idiossincrasias de cada povo,
apresentando, por isso, variedades multiformes. E sabemos
igualmente, em Doutrina Espírita, que existem outros infernos
exteriores, a cercar-nos na Terra, entre os próprios espíritos
encarnados.
Não longe de nós, vemos o inferno da ignorância, em que se
debatem as inteligências sequiosas de luz, o inferno das
necessidades primárias absolutamente desatendidas, o inferno
dos entorpecentes, o inferno do lenocínio, o inferno do desespero
e o inferno das crianças desamparadas, todos eles gerando os
suplícios das sombras e da loucura, do pauperismo e da
enfermidade, do abandono e da delinqüência.
Em razão disso, embora respeitando as crenças alheias,
observemos as próprias ações, a fim de verificar o que estamos
fazendo para extinguir os infernos que nos rodeiam.
E, sobretudo, aprendendo e servindo, vigiemos o coração para
que a prática do bem nos garanta a consciência tranqüila, de vez
que todos somos responsáveis pela nossa própria condição
espiritual.
Disse-nos o cristo: “O reino de Deus está dentro de vós”, ao
que, de acordo com ele mesmo, ousamos acrescentar: e o inferno
também.

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